terça-feira, 17 de dezembro de 2013

A vida me escapa
nada crio
nada perpetuará

o prazer da caminhada

por isso eu vivo
não quero nada depois
não quero nem pensar em nada depois
se nos foi escondido 
podemos encontrar
instintivamente 

o vento nos leva
avoa e pousa
onde jamais poderíamos imaginar

e quando abri os olhos 
não lembrava

apenas algumas pequenas coisas restaram:
o amigo morto
a fantasia do power ranger
o assassinato do passarinho
a caça aos sapos
o cheiro de borracha
o camaleão
a lagartixa
a amiga da minha irmã
a casa abandonada
a incerteza de sonho
vagalumes
Thalles goes into the night
o novo
o rejeitar
o rejeitar-se
o ser agrupado
a grande irmã

uau, tanta coisa
pequenas coisas

imensas

incabíveis ao papel
perceptíveis aos teus olhos

o melhor que podemos ser:
a felicidade no fundo da angústia


terça-feira, 26 de novembro de 2013

Brega.

Eu gosto quando ela me chama
"Meu bem"
Sim, sou seu
e farei de tudo pra ser
sempre
o seu bem.

E, de fato,
estou farto de negar
enquanto estiver ela no meu peito
penso sim em me tornar algo melhor
como sê a vida

Acabasse de ganhar um sentido
quando encontrei  teu olhos
bússola joguei fora
sempre me perco em ti
de qualquer forma

Me perco em sonhos
e você, meiga, me dá a mão
me puxa
e me põe no chão
do teu lado

"Vamos com calma,
mas vamos juntos, meu bem"

Sim sou seu.
E enquanto estiver comigo
Penso sim em para sempres
e até que a morte os separes.

E por mais que isso não exista
sou sim
sempre
teu.


sexta-feira, 22 de novembro de 2013

16
preso
cansado
ultrapassado
superado

somebody got over me
dispensável
needless

frágil
vulnerável
infantil
estupidamente infantil

Já tive 16 anos,
e às vezes acho que ainda tenho.

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

22

Paranoia, sempre acreditando que tudo tem um motivo. Alucinação. Olho pro relógio frequentemente, sempre aos 22 minutos de qualquer hora. Uma consciência pesada e impura. Prestes a completar a idade na qual achava que estaria com tudo resolvido, 22. E cá estou eu com meus 21, sem fazer nada, sem nada pra me preocupar, sem nada melhor pra fazer. Ouço música, mas não toco. Vejo filme, mas não atuo. Não escrevo, não me dedico a nada. Simplesmente perdi a minha motivação e esse blog é um grito. Um desespero de mim para mim mesmo, uma espécie de autoflagelar pra despertar-me. Não posso continuar com esse comportamento de merda. Tenho vergonha de mim. Tanta que estou sempre a atuar sorrisos. Tão displicente e tão descriterioso que amo a todos. Mas como não sei o porquê não sei demonstrar de maneira verossímil. Não confio no meu amor. Sou um filho da era superficial, roupas, bundas, marcas de cueca, academias lotadas, casacos de mil reais em pleno rio de janeiro, luta pelo acampamento indígena no meio do concreto, crianças com fome e eu de barriga cheia, eles com frio e eu com casacos sem serem usados. Super superficial, oficialmente superficial, declaradamente falida mas orgulhosa demais pra se redimir. Eu sou isso. Isso sou eu. Essa coisa misturada com carne, sangue, e um pouco de algo além do imaginável. Nada além disso, dessa paranoia coletiva de termos que ser o que se pede e não o que queremos. E eu vou tentar sobreviver e pegar fôlego aqui de vez em quando. Que venham os 22.